Para pensar e articular o papel da Inovação e a recuperação da Indústria na retomada da economia ao fim dessa pandemia, a Associação dos Empregados da Finep – AFIN, promoveu o segundo encontro online do Ciclo AFIN Debates C,T&I, na quinta-feira, dia 02 de julho de 2020, com o tema “Inovação e a Recuperação da Indústria Brasileira pós Pandemia” com a participação de Gianna Sagazio – Diretora de Inovação da CNI / MEI e Luiz Davidovich – Presidente da ABC, e a mediação de Celso Pansera – Ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação.
A queda da produção da Indústria Brasileira foi de 18,8% no mês de abril em comparação com março, e de 27,2% na comparação com abril do ano passado, recorde negativo da série histórica da pesquisa do IBGE divulgada em 3 de junho. Esses números mostram a força do impacto da pandemia de Covid 19 e do isolamento social sobre a economia, que vinha em lenta recuperação de uma crise anterior.
O colega Edgard Rocca, do colegiado da AFIN, apresentou a questão, destacando o relevante papel da inovação para o desenvolvimento, da indústria como centro deste movimento e a importância dos financiamentos da Finep às empresas inovadoras. Atualmente o Brasil investe 1,26% do PIB em Pesquisa e Desenvolvimento, e menos da metade deste investimento vem do setor privado. Em 2019, no Índice Global de Inovação (IGI) o Brasil ocupa a posição 66ª entre 129 países. Edgard lembrou o papel do Estado, a relevância da C&T e a importância do desenvolvimento para a redução das desigualdades.
“É preciso aumentar a capacidade de pesquisa pública e privada”
Luiz Davidovich falou da queda da exportação de produtos industrializados, lembrando que em 2019 a participação da indústria no PIB do Brasil chegou a 11%, um registro claro da desindustrialização recente. Um indicador importante é a pequena participação das empresas privadas no registro de patentes, sendo que as universidades fazem muito mais registros que as empresas.
O que fazer? Davidovich nos diz que “é preciso aumentar a capacidade de pesquisa pública e privada”, com diversas ações:
- Plano Estratégico
- Encomendas governamentais
- Educação básica de qualidade, com Ciência no Ensino Fundamental
- Recuperação das Universidades
Ele destaca o caráter universal das universidades que, como o nome diz, deve ter de tudo: “universidades com vocação tecnológica como o Caltech e o MIT tem importantes departamentos de Sociologia e Filosofia”.
O palestrante citou exemplos de bom uso da Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento, como a proteção da Amazônia por meio da exploração racional em indústrias como a do Açaí, que emprega mais de 300 mil pessoas: “a riqueza está aí. É preciso ciência e tecnologia para extrair”, o que nos leva a questão dos recursos minguantes para pesquisa. Ele concluiu criticando o contingenciamento: “Liberem o FNDCT”.
“Uma Política Nacional de Inovação é fundamental”
Gianna Sagazio também falou da queda sem precedentes da indústria e das ações do MEI – Mobilização Empresarial para Inovação, que a 13 anos atua em várias frentes, junto a empresas e ao Congresso: pelo não contingenciamento do FNDCT, com propostas para a Política de Inovação, rumo a uma Indústria 4.0, digitalizada, conectada e inteligente.
Esta atuação se dá por exemplo no Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, evento que em 2019 teve mais de 3.500 participantes, e do Prêmio Nacional de Inovação. O Grupo de Trabalho das Engenharias/STEAM participou da elaboração de currículos na área, e agora estimula a implantação do novo currículo.
Já o MEI Tools: ferramentas para promover a inovação nas empresas tem um papel fundamental para fortalecer o atual sistema nacional de financiamento e suporte técnico à inovação, sempre atualizado para ampliar sua utilização: “o desafio leva ao desenvolvimento, é preciso tirar as empresas da zona de conforto e ir para a inovação. Uma Política Nacional de Inovação é fundamental”.
AFIN Debates C,T&I
Inovação e a Recuperação da Indústria Brasileira pós Pandemia
Gianna Sagazio – Diretora de Inovação da CNI / MEI
Mestre em Desenvolvimento Econômico, pela Universidade Católica de Brasília trabalhou por mais de vinte anos nas Nações Unidas com temas relacionados ao Desenvolvimento Econômico, além de outras experiências relevantes no Brasil, é a atual Diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria – CNI e responsável pela Coordenação Executiva da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) e pelos temas de Políticas para Inovação e Gestão da Inovação, movimento de grande destaque no cenário político, econômico e industrial do país.
Luiz Davidovich – Presidente da ABC
Físico pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Doutor, em 1976, pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, é especializado em óptica quântica. Ganhador de vários prêmios ao longo de sua vida acadêmica, dispensa apresentações devido a sua carreira nacional e internacional, onde desde 2016 é o Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e acumula hoje também o cargo de Secretário-Geral da Academia Mundial de Ciências até 2022.
Celso Pansera – Ex-ministro de C,T&I – Mediador
Professor, formado em Letras com pós-graduação em Administração Escolar. Foi deputado federal pelo PMDB-RJ e em 2015 assumiu como ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação. Liderou a formação da Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.br), e é seu secretário Executivo. Atualmente também é diretor-presidente do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM).